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Entrevista com Jacob Bazarian, autor de Crítica da concepção teológica do mundo

Alfa Omega: O senhor poderia nos dizer como nascem as superstições?
Jacob Bazarian: É evidente que essas crenças só nascem devido à ignorância das causas reais e naturais dos fenômenos.
O homem chamado primitivo, isto é, iletrado e inculto, sem espírito científico, por ignorar as causas reais e naturais dos fenômenos, atribuía as causas dos fenômenos a objetos que teriam um poder mágico dentro de si (fetiches) ou à vontade de entidades sobrenaturais (deuses, santos, etc.).
O homem em geral, tanto o primitivo como o civilizado, aprende por reflexo condicionado. Quando a um fenômeno F1 segue um fenômeno F2, ele tende a considerar o primeiro como causa e o segundo como efeito. Por exemplo: Ele passa debaixo de uma escada e caí um tijolo em sua cabeça. Conclusão: passar debaixo de escada é perigoso. Esse homem deixa de passar debaixo da escada, mesmo que não tenha ninguém trabalhando na escada. Outro exemplo: Ao andar pela rua, um gato preto cruza-lhe o caminho. Nesse dia ele teve azar nos negócios. Conclusão: Gato preto cruzando o caminho da gente dá azar e deve-se contorna-lo. Como se vê nesses exemplos, os fenômenos estão relacionados de modo fortuito, casual, isto é, não há nenhuma relação causal entre um fenômeno e outro. É uma questão de puro acaso, sorte ou azar.

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Entrevista com Ernesto Araújo, autor de Quatro 3

Alfa Omega: Como você definiria o livro Quatro 3? Trata-se de um romance?
Ernesto Araújo: Não exatamente. É um conjunto de textos que exploram uma certa temática, mas sem intenção de sistematicidade. Não quis construir uma história, mas sim produzir um ambiente. Poderia comparar Quatro 3 a uma cidade que surgiu da união de um conjunto de vilarejos e cidades menores, sem planejamento urbano.

Alfa Omega: Qual é a temática que você aborda?
Ernesto Araújo: Antes de mais nada, aquilo que o escritor francês Philippe Muray chama a recusa de negatividade. A idéia de que um mundo de paz e cooperação é a maior das maravilhas. A perda da liberdade de pensar e agir que decorre da universalização de um certo tipo de democracia. Tento opor-me a tudo isso e afirmar um pouco a negação, defender a possibilidade de ser contra. Porque a humanidade nasce e cresce na contradição e no confronto: confronto com a natureza, confronto entre povos e classes, confronto entre espírito e matéria, confronto do homem consigo mesmo, desafio à realidade. Hoje somos cada vez menos capazes de vivenciar o confronto, e assim vamo-nos desumanizando.

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Entrevista com João Carlos de Medeiros Ferraz, autor de O Manual da Crise

Entrevista concedida a Antônio do Amaral Rocha

Alfa Omega: O senhor poderia explicar o subtítulo do seu livro “Em linguagem financeira para não-financistas?
João Carlos de Medeiros Ferraz: A minha motivação para escrever esse livro se deveu em muito ao grande número de consultas que eu recebia de amigos e pessoas do meu relacionamento, pessoal ou profissional, destinadas ao esclarecimento de dúvidas que essas pessoas tinham a respeito da crise financeira e que, em outubro de 2008, ocupava todos os veículos da mídia. Essas pessoas buscavam explicações sobre o que de fato estava acontecendo, mas em uma linguagem menos técnica e mais simples, para que elas pudessem compreender melhor a situação geral do problema e tirar suas próprias conclusões. Desta forma, eu procurei abordar no livro as questões relacionadas à crise, mas utilizando uma linguagem o menos técnica possível, para descomplicar o tema, de forma que todos os leitores interessados pudessem compreender melhor um assunto que afeta a todos, principalmente os leigos em finanças.

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Entrevista com Marco Antônio Ribeiro Tura, autor de Soberania Estatal e Classes Sociais.

Entrevista a Antônio do Amaral Rocha

Alfa Omega: O senhor poderia explicitar o conceito de soberania tratado no seu livro?
Marco Antônio Ribeiro Tura: A rigor não há um conceito propriamente dito no trabalho. Eu quis me afastar disto, pois todos têm-se ocupado precisamente de definir o que é a “soberania”. Queria, na verdade, dizer que a busca de um conceito (ideal) de soberania implicava a busca de suas noções (concretas) e tal empreendimento exige a compreensão de que o que conhecemos por “Estado soberano” é uma criação relativamente recente em termos histórico-sociais. De todo modo, soberania, em meu livro, há de ser entendida como a supremacia do poder estatal frente aos demais poderes sociais. O que importa aqui, no entanto, não é definir o que entendo por “soberania”, mas dizer que a supremacia estatal em que se traduz o poder soberano, é a tradução da supremacia social ostentada e sustentada pelas frações de classes e pelas classes em si que constituem e reconstituem esta organização política do poder social denominada “Estado”.

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Entrevista com José de Barros Netto, autor de A vontade natural e o Pantanal da Nhecolândia

Alfa Omega: Considerando que o Pantanal da Nhecolândia ainda é desconhecido da grande maioria dos brasileiros quais são os seus limites geográficos?
José de Barros Netto: O Pantanal da Nhecolândia realmente ainda é desconhecido da grande maioria dos brasileiros. Com, aproximadamente, 600 léguas quadradas, em um formato que lembra um triângulo isósceles, com 150 e 300 Kms. de base e altura respectivamente, sua localização está no Mato Grosso do Sul.
Podemos localizá-la dentro destes limites geográficos: ao Norte com o rio Taquari; ao Sul com a vazante do Castelo, os rios Negro e Miranda, seguindo por este até a sua foz no rio Paraguai; ao Poente com os rios Paraguai e Taquari e ao Nascente com uma linha imaginária separativa dos municípios de Corumbá, Coxim e Rio Verde e traçada entre o Porto Independência no rio Taquari, passando pelo pico do “Morrinho” (único morro existente na região, sito nas terras da antiga fazenda Pimenteiral), indo até a vazante do Castelo, que figura, hoje, como sendo marco divisório entre os municípios de Corumbá e Aquidauana.

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Entrevista com Júlio da Silva Moreira, autor de Direito Internacional: para uma crítica marxista

Entrevista concedida a Antônio do Amaral Rocha

Alfa Omega: Prof. Júlio, como explicar a aparente dicotomia entre o Direito Internacional como o paraíso da igualdade soberana dos povos, contido nas declarações e nos estatutos dos organismos internacionais e a absoluta inverdade dessa máxima, quando se depara com a crueldade que representa, na prática, o capitalismo?
Prof. Júlio da Silva Moreira: Esse paradoxo só pode ser compreendido com a análise histórica do Direito Internacional, a partir das relações concretas entre povos e Estados. E essa análise começa com a compreensão de que o direito, muito mais que um conjunto de normas, é uma necessidade para o mecanismo de acumulação capitalista. Esse método, lançado por Marx e desenvolvido por Pachukanis, revela que o direito é formado por paradoxos: enquanto prega a liberdade, a igualdade e a propriedade universal, realiza o seu oposto. O Direito Internacional, desde o início, é um mecanismo para regulamentar e legitimar a colonização. Para fazer isso, ele afirma a igualdade entre os Estados. As normas internacionais, por si sós, não deixam perceber isso. Como diz Michel Miaille, “temos o direito de exigir mais dessa ciência, ou melhor, de exigir coisa diversa de uma simples descrição de mecanismos”.

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Entrevista com Argemiro Procópio, autor de No olho da águia

Alfa Omega: Serão os estudos em Relações Internacionais propagados no Brasil demasiadamente influenciados pela indústria cultural norte-americana? E como pode a disseminação de ideologias tomadas como inquestionáveis e aplicáveis universalmente ser usada como mecanismo de promoção mundial dos interesses norte-americanos?
Argemiro Procópio: Existe no Brasil uma certa parcialidade e tendenciosidade dos recentes estudos em relações internacionais, resultantes da propagação do poderio e áreas de influência norte-americana. O conteúdo de tais estudos costuma ser réplica ou cópia defasada do ensinado nas universidades dos Estados Unidos da América. Além do controle dos meios de produção, a posse e o domínio da indústria cultural são extraordinários instrumentos de poder do unilateralismo. Isso porque ademais da conquista por meio da guerra e das empresas transnacionais, a indústria cultural sabe cativar. Domina tanto no âmbito das idéias, quanto impõe sua visão de mundo ditando indiretamente o estilo de vida de dezenas e dezenas de países. Daí também as revoltas contra o tratar cultural dos EUA. Eles por onde passam colocam em xeque tradições e culturas que não as suas.

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Entrevista com Marcos Alcyr Brito de Oliveira, autor de Cidadania Plena

AlfaOmega: Uma pergunta básica: como se define o conceito moderno de cidadania e do que se trata?
Marcos Alcyr Brito de Oliveira: O conceito atual de cidadania pode ser resumido como o direito a ter direitos. Direitos civis (como o direito à vida, à liberdade à igualdade, à propriedade etc.), direitos políticos (participar no destino da sociedade, votar e ser votado) e os direitos sociais (direito à educação, ao trabalho, à saúde etc.).
Todos estes direitos estão previstos em boa parte das constituições existentes no mundo, inclusive na Constituição Federal Brasileira de 1988. No entanto, não bastam estas garantias formais, é necessária muita luta e consciência para que estes direitos se tornem realidade, por isso podemos dizer que o conceito de cidadania ainda está sendo construído.

AlfaOmega: O que muda na idéia de cidadania a partir de Jean-Jacques Rousseau, Immanuel Kant e Friedrich Hegel?
Marcos Alcyr Brito de Oliveira: Para os antigos (gregos e romanos) não havia uma diferença nítida entre o público e o privado, a sociedade civil e a sociedade política.
Os fundamentos da teoria moderna do Estado, em que a sociedade civil difere da sociedade política, começam a ser elaborados de forma mais completa com Thomas Hobbes, seguido, entre outros, por John Locke, Jean-Jacques Rousseau, Emmanuel Kant e Georg Wilhem Friedrich Hegel.

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Entrevista com Marcelo Maccaferri, autor de Alma, Gesto

Entrevista concedida a Antônio do Amaral Rocha

Alfa Omega: Estrear na literatura com um prêmio importante como o PAC que significado teve para você?
Marcelo Maccaferri: Sem dúvida é um reconhecimento. Mas principalmente me alerta o quanto não devo me iludir com a distinção. Porque o início não aconteceu com o prêmio e o fim eu deixo aos póstumos.

Alfa Omega: Qual é o grande tema do poeta e da poesia?
Marcelo Maccaferri: Depois do século XX não é mais possível falar de um tema específico na poesia. Mas se a vida, uma vez indicada, é Arte, eu diria então que a poesia fala das dúvidas e dos absurdos da existência.

Alfa Omega: Como e quando você se deparou com a necessidade de fazer poesia?
Marcelo Maccaferri: Não faço poesia, mas me utilizo das palavras como matéria-prima para Arte. Eliminemos de uma vez por todas as categorias e as classificações, que generalizam a matéria e encobre suas nuances e sua atualidade. No livro “Alma, Gesto” solicitei propositalmente ao editor a declaração “Palavras e Ilustrações do autor”.

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Entrevista com Langstain Almeida, autor de Romance de Combate – A Dominação do Terceiro Mundo

A dominação do Terceiro Mundo mergulha na essência da natureza humana. Analisa os sentimentos, o caráter, os interesses e a ideologia por trás do domínio político no mundo contemporâneo. Trata-se de romance de ficção política, de cunho autobiográfico. O autor esteve condenado à morte quando da sua prisão, logo após o golpe militar de 1964, e novamente em 1971.

A reportagem da Alfa Omega publica a entrevista com o escritor Langstain Almeida, levada a efeito às vésperas do lançamento do Romance de combate, A dominação do Terceiro Mundo. Num ambiente de descontração no qual os interlocutores sentaram-se a uma mesa simples com lastro de mármore, o diálogo teve início após uma rodada om cafezinho quente.

Alfa Omega: Por que o sintagma de combate adjetivando o vocábulo romance?
Langstain Almeida: A Dominação é um romance de combate porque se vale do teatro para esclarecer consciências. Alcançado este difícil porte de elevação política, tal obra busca a derrocada do modelo econômico implantado no Terceiro Mundo a partir da Segunda Guerra Mundial.

Alfa Omega: Qual o ambiente geográfico que oferece matéria-prima literária ao relacionamento dos personagens?
Langstain Almeida: A América Latina, parte da África Subsaariana, o Golfo Pérsico e os territórios do Sul da Ásia – instruíra o autor, prolongando-se: O material literário converge de várias partes do Terceiro Mundo.

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Far far away, behind the word mountains, far from the countries Vokalia and Consonantia there live the blind texts.