Entrevista com Argemiro Procópio, autor de No olho da águia
Alfa Omega: Serão os estudos em Relações Internacionais propagados no Brasil demasiadamente influenciados pela indústria cultural norte-americana? E como pode a disseminação de ideologias tomadas como inquestionáveis e aplicáveis universalmente ser usada como mecanismo de promoção mundial dos interesses norte-americanos?
Argemiro Procópio: Existe no Brasil uma certa parcialidade e tendenciosidade dos recentes estudos em relações internacionais, resultantes da propagação do poderio e áreas de influência norte-americana. O conteúdo de tais estudos costuma ser réplica ou cópia defasada do ensinado nas universidades dos Estados Unidos da América. Além do controle dos meios de produção, a posse e o domínio da indústria cultural são extraordinários instrumentos de poder do unilateralismo. Isso porque ademais da conquista por meio da guerra e das empresas transnacionais, a indústria cultural sabe cativar. Domina tanto no âmbito das idéias, quanto impõe sua visão de mundo ditando indiretamente o estilo de vida de dezenas e dezenas de países. Daí também as revoltas contra o tratar cultural dos EUA. Eles por onde passam colocam em xeque tradições e culturas que não as suas.