Entrevista concedida a Antônio do Amaral Rocha
Alfa Omega: O senhor poderia explicar o subtítulo do seu livro “Em linguagem financeira para não-financistas?
João Carlos de Medeiros Ferraz: A minha motivação para escrever esse livro se deveu em muito ao grande número de consultas que eu recebia de amigos e pessoas do meu relacionamento, pessoal ou profissional, destinadas ao esclarecimento de dúvidas que essas pessoas tinham a respeito da crise financeira e que, em outubro de 2008, ocupava todos os veículos da mídia. Essas pessoas buscavam explicações sobre o que de fato estava acontecendo, mas em uma linguagem menos técnica e mais simples, para que elas pudessem compreender melhor a situação geral do problema e tirar suas próprias conclusões. Desta forma, eu procurei abordar no livro as questões relacionadas à crise, mas utilizando uma linguagem o menos técnica possível, para descomplicar o tema, de forma que todos os leitores interessados pudessem compreender melhor um assunto que afeta a todos, principalmente os leigos em finanças.
AlfaOmega: Seu livro A Escola do Rio – Fundamentos políticos da nova economia brasileira trata de economia ou de política?
André Araújo: Trata de economia política, ciência um pouco enfraquecida nos nossos debates econômicos, hoje muito voltados para o economics, ou seja, práticas de operação da economia. A economia política se ocupa da gênese dos processos econômicos, e nesse sentido recorre mais à história e à vida social do que à teoria econômica.
AlfaOmega: Nessa visão, exposta no seu livro, o Plano Real foi uma operação essencialmente técnica ou uma manobra política?
André Araújo: Foi a aplicação na realidade brasileira de uma subideologia, gestada nos anos 40 e 50, que via o Brasil como país subordinado a um sistema maior, construído a partir do fim da Segunda Guerra, percepção que por sua vez está enraizada no liberalismo clássico da Escola inglesa. Por essa concepção, o Brasil não deveria procurar ser uma potência industrial porque sua vocação seria essencialmente agrícola e mineral. Essa posição não é nova, governou o Brasil desde o descobrimento até a Revolução de 30. Foi Vargas quem implantou uma outra visão de país, criando as bases da indústria e do nacionalismo econômico que construíram o Brasil moderno. Sem essa mudança de rumos, o PIB brasileiro seria hoje muito menor e nosso país seria uma grande Guatemala, vivendo da lavoura e da exportação de alguns minérios.
Alfa Omega: Prof. Nilson, a quem se destina este seu livro, qual seu público-alvo?
Nilson Araújo de Souza: Em primeiro lugar, a professores e alunos da disciplina Economia Brasileira Contemporânea dos cursos de ciências humanas, tais como Economia, Administração, Ciências Sociais, Ciências Políticas, Comunicação, Antropologia, Relações Internacionais, dentre outros; segundo, aos formadores de opinião; terceiro, aos que têm a responsabilidade de tomar decisões sobre os rumos da economia, ou a capacidade de interferir nessas decisões; por último, mas não menos importante, aos que, nas trincheiras das lutas sociais ou políticas, lutam por um Brasil melhor.
Alfa Omega: E os que querem manter o status-quo?
Nilson Araújo de Souza: Certamente, eles vão ter interesse em ler este livro porque, seguramente, estão interessados em descobrir as causas da longa agonia da dependência, ou seja, querem saber por que não deu certo o “modelo” que tanto os beneficiou durante tanto tempo.
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