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Homenagem à Editora Alfa Omega

É com grande entusiasmo que compartilhamos com todos o texto que recebemos do historiador Gustavo Orsolon de Souza sobre a Editora Alfa Omega, que em breve completará 50 anos.

Tornamos aqui público nosso agradecimento ao autor por suas palavras e reconhecimento.

Editora Alfa Omega: 50 anos

 

 

Gustavo Orsolon de Souza

Historiador

 

 

Prestes a completar Bodas de Ouro, a editora Alfa-Omega continua firme na sua bela missão de divulgar o pensamento crítico e científico em seus catálogos. Uma data tão especial não poderia passar em branco. Pensando na celebração dos seus cinquenta anos, tomei a liberdade de escrever algumas breves palavras sobre a sua trajetória.

 

A editora foi criada oficialmente em janeiro de 1973, por Fernando Celso de Castro Mangarielo e Claudete Machado Mangarielo, um casal bem jovem para os padrões empresariais da época. Fernando, com 26 anos de idade, trabalhava em uma renomada editora de São Paulo; e Claudete, com 24 anos, era funcionária de um banco, também na capital paulista. Os dois se conheceram em 1971 e, dois anos depois, fundaram a editora.

 

No pequeno apartamento onde moravam, no centro da cidade, foi lançado o primeiro livro: A Ideia Republicana no Brasil, Através dos Documentos, do professor Reynaldo Xavier Carneiro Pessoa. O livro foi muito bem aceito no meio acadêmico e até mesmo adotado como referência no curso de História da Universidade de São Paulo (USP).

 

Após o livro de estreia, os jovens editores ganharam segurança e lançaram no mercado novos títulos, grande parte deles voltada para o público universitário. No primeiro ano, pelo menos nove títulos foram publicados. Dois anos depois, em 1976, trinta títulos já compunham o catálogo da editora, todos com temáticas brasileiras.

 

No alvorecer década de 1980, a Alfa-Omega já era uma editora reconhecida dentro de mercado de livros no Brasil. No ano de 1984, onze anos após a sua inauguração, apresentava um catálogo robusto, com mais de cento em quarenta títulos, divididos em seções, como “Marxismo”, “Filosofia”, “História”, “Reportagem” e “Sociologia”.

 

Nessas seções, livros que marcaram uma época. Um deles é A Ilha: um repórter brasileiro no país de Fidel Castro, de Fernando Morais, publicado em 1976. Este livro tornou-se um best-seller, tendo vinte nove edições publicadas pela Alfa-Omega. Outro livro de sucesso em seu catálogo é o Em Câmera Lenta, de Renato Tapajós, publicado em 1977. A obra de Tapajós virou alvo da censura, sendo até mesmo proibida de circular. O livro ganhou uma reedição em 1979, tendo também uma boa repercussão em meio à crítica da época.

 

Poderia citar aqui tantos outros títulos inseridos neste valioso catálogo de 1984, mas como apontei no início dessa conversa, a intenção é deixar apenas algumas breves palavras.  Sendo assim, o que gostaria ainda de mencionar é a marca editorial da Alfa-Omega. Fernando e Claudete sempre estiveram preocupados em valorizar o autor nacional, muitos até desconhecidos do grande público. A sensibilidade dos editores estava em buscar autores que analisassem questões políticas e sociais do Brasil. Em outras palavras, o que os editores desejavam, era que suas publicações pudessem contribuir, de alguma forma, com os debates e as reflexões que pulsavam naquele momento.

 

O interessante é que essa marca não se apagou ao longo da trajetória da editora. Ainda hoje, o lema estampado nas contracapas de grande parte de suas produções, “Autor Nacional/Cultura Brasileira”, reforça essa preocupação dos editores em valorizar o autor nacional e as questões que envolvem a sociedade brasileira.

 

Todo o sucesso da editora se deve ao mérito dos editores, que foram (e são) intelectuais atuantes no mercado editorial e que trouxeram para o grande público o acesso ao conhecimento crítico e científico, mesmo em períodos difíceis, de censura e repressão. Fernando e Claudete não esmoreceram em nenhum momento, e hoje podem brindar com alegria cinco décadas de um trabalho árduo e de muitas vitórias editoriais.

 

           Parabéns Alfa-Omega!

Gustavo Orsolon de Souza é Doutorando em História Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ/FFP). Bolsista FAPERJ. Tem como objeto de pesquisa a editora paulista Alfa-Omega. Está sendo orientado pela professora doutora Márcia de Almeida Gonçalves. Mestre em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

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Far far away, behind the word mountains, far from the countries Vokalia and Consonantia there live the blind texts.