Desde 1973 publicando o pensamento crítico brasileiro

Editora Alfa Omega

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Arquivo Alfa-Omega #4

Matéria veiculada no jornal O Globo, em 22 de julho de 1976.

Alfa-Omega indica: Obras de autoras e de questões relacionadas ao #DIADAMULHER com 50% de desconto

Em março, a Editora Alfa-Omega oferece 50% de desconto em obras de autoras de seu catálogo, assim como em títulos que abordam questões importantes relacionadas ao Dia Internacional da Mulher.

Alexandra Kollontai: Feminismo e socialismo

Araceli

Condicionamento Verbal

Edelman – Althusserianismo, Direito e Política

A Eleição para Diretores e a Gestão Democrática da Escola Pública

Estado e Partidos Políticos no Brasil – 1930 a 1964

Geração 60: Geração Esperança

A Luta pela Industrialização no Brasil

O Messianismo no Brasil e no Mundo

As Moças de Minas

No Rastro de Tina Modotti

Olga Benário

Política e Segurança

A Produção Capitalista da Casa (e a Cidade) no Brasil Industrial

O Romance do Café

Sobre a Emancipação da Mulher

Tango Fantasma

Tempo de Guerrilha

As Três Bruxinhas contra a Poluição

Um Nome para meu Cãozinho

Arquivo Alfa Omega #3

Matéria veiculada no Jornal do Brasil, em 3 de maio de 1976 sobre a Editora Alfa Omega.

Uma reflexão sobre a trajetória da Editora Alfa Omega – por Gustavo Orsolon de Souza

Papo de Rodoviária

Gustavo Orsolon de Souza

Certo dia, estava sentando no banco da pequena rodoviária da minha cidade, esperando o ônibus com destino ao Rio de Janeiro. O ônibus estava um pouco atrasado, talvez por ser sábado e o movimento de passageiros maior neste dia. Não demorou muito e, ao meu lado, sentou-se um rapaz que aparentava seus cinquenta anos e que também esperava o mesmo transporte. Sentados um ao lado do outro, e observando as pessoas que passavam pelo terminal, começamos a travar um pequeno diálogo sobre assuntos aleatórios – como a previsão do tempo –, assuntos esses que durariam, no máximo, até a chegada do ônibus.

Aos poucos, a conversa foi ganhando fôlego e contornos mais definidos. Isso nos levou a refletir sobre temas políticos, econômicos e culturais. Vimos que era possível avançar a conversa para além da previsão do tempo. O que não quer dizer que a temática climática seja considerada menos importante, pelo contrário: um sábado ensolarado na capital carioca rende boas e inesquecíveis fotos, e é o que espera os viajantes que seguem para lá, seja a turismo ou mesmo a trabalho. Portanto, um assunto que merece a devida atenção.

Mas a conversa avançou para a temática da mídia escrita e dos periódicos sensacionalistas. Não me recordo como chegamos a esse assunto, talvez por ser um tema quente, principalmente para os dias de hoje, em que os ânimos andam inflamados, bem à flor da pele. Só sei que o tema estava lá, na pauta do nosso papo de rodoviária.

Neste momento, percebi que aquele rapaz falava com certa propriedade sobre a área da comunicação. Foi quando ele me revelou que trabalhou em uma empresa de publicidade. Da mesma forma, também me apresentei como professor e historiador.

Com a chegada do ônibus, tivemos a sorte de sentarmos lado a lado, o que possibilitou prolongar a nossa conversa. Já acomodados, demos sequência ao assunto da mídia e, logo em seguida, mudamos o foco para comentar sobre publicações importantes, livros que marcaram época, principalmente por fazerem algum tipo de crítica ao regime de repressão civil-militar, ocorrido no Brasil.

Mal sabia ele que o assunto em questão muito me interessava. Mas deixei o papo fluir, sem conceder pistas sobre o meu objeto de pesquisa. Foi, então, que ele, no decorrer da conversa, citou o livro A Ilha (1976), de Fernando Morais. Neste momento fiquei entusiasmado: ele conhecia a editora Alfa-Omega ou, pelo menos, já havia lido uma publicação da casa. Se não bastasse, o rapaz avançou e citou outro livro do mesmo autor: Olga (1985). Este último ele deixou claro que leu mais de uma vez.

Logicamente, aproveitei o momento e fiz uma interferência na conversa, perguntando se ele conhecia a editora que havia publicado tais livros. Ele titubeou por um instante e disse que era uma editora de São Paulo e não demorou mais do que um minuto para dizer, a Alfa-Omega.

Fiz um gesto com a cabeça, demostrando ao rapaz que ele havia acertado a resposta. Então, o mesmo disse: “essa editora também publicou um livro sobre a guerrilha do Araguaia, não é mesmo?”. Confirmei novamente com o mesmo gesto. Certamente, o rapaz estava se referindo a revista A Guerrilha do Araguaia, de autoria de Palmério Dória, Sérgio Buarque de Gusmão, Vincent Carelli e Jaime Sautchuk, o primeiro volume de uma coleção intitulada História Imediata, publicada pela Alfa-Omega, entre os anos de 1978 e 1979. Ou, quem sabe, o rapaz estivesse se referindo ao livro Diário da Guerrilha do Araguaia, de Clóvis Moura, publicado em 1979.

Independentemente do livro ao qual o rapaz estava se referindo, fiquei surpreso positivamente com a tamanha lembrança. Sem dúvida, os livros citados tiveram um grande destaque no catálogo da editora e marcaram várias gerações de leitores. O comentário do rapaz me fez recordar de uma professora que, durante um encontro acadêmico, me evidenciou ter lido vários livros da editora, principalmente quando ainda estava no início da faculdade História. Disse ela: “ia com frequência à biblioteca da universidade ler livros, durante os intervalos das aulas, e li muitos da Alfa-Omega”. Assim como ela, tantos outros professores, que hoje atuam no nível superior de ensino, tiveram em suas mãos algum livro publicado pela Alfa-Omega.

Não me é estranha a dimensão da Alfa-Omega no mercado editorial e sua projeção no meio acadêmico, principalmente entre as décadas de 1970 e 1980, até porque, o resultado da minha pesquisa de doutorado demonstrou isso. O primeiro livro, por exemplo, A Ideia Republicana no Brasil, Através dos Documentos (1973), do professor Reynaldo Xavier Carneiro Pessoa, foi utilizado com referência bibliográfica no curso de História da Universidade de São Paulo. Os periódicos analisados do período trazem bem nítida essa relação da editora com o meio acadêmico, assim como o perfil ideológico, a recepção de suas edições, a atuação dos editores no mercado de livros e o seu crescimento estrutural.

Mas, voltando ao ponto da viagem, não demorou muito para que o ônibus adentrasse a rodoviária carioca. A conversa foi tão enriquecedora e prazerosa que, quando demos conta, já estávamos em nosso destino de desembarque. O rapaz seguiu o seu caminho, e eu, o meu. Ah, o céu estava lindo e o sol a pino neste sábado!

Não queria que essa história passasse despercebida e, por isso, fiz questão de transformar essa experiência vivida num sábado ensolarado em texto, até porque o rapaz que conheci neste dia, sentado na rodoviária, me trouxe boas reflexões. Uma delas foi sobre a vivacidade da editora. Embora ela esteja em plena atividade nos dias de hoje (completando seus cinquenta anos), aquela Alfa-Omega das décadas de 1970 e 1980 ainda pulsa na memória dos leitores, o que demostra que suas publicações tiveram uma função social muito importante, principalmente em um momento político difícil, marcado pela repressão estatal. Uma segunda reflexão, que acaba sendo um desdobramento da anterior, foi perceber o quanto o seu catálogo contribuiu para informar e formar uma geração que, naquela época, não possuía os recursos tecnológicos da modernidade, e que encontrava nas publicações da Alfa-Omega os debates que estavam presentes na sociedade e as principais questões que dominavam o cenário político da época.

Vida longa à Alfa-Omega!

Gustavo Orsolon de Souza é Doutor em História Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ/FFP). Teve como objeto de pesquisa a editora paulista Alfa-Omega, orientado pela professora doutora Márcia de Almeida Gonçalves. Mestre em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

Arquivo Alfa Omega #2

Algumas das publicações veiculadas nos principais jornais em 1973 sobre a entrada da Editora Alfa Omega no mercado editorial brasileiro.

Editora Alfa Omega 50 anos (1973-2023)

A Editora Alfa Omega em 2023 completa 50 anos publicando o pensamento crítico brasileiro, além de obras icônicas de consagrados autores internacionais.

Continuando com as comemorações, a Editora Alfa Omega oferece aos seus leitores e leitoras por tempo limitado um cupom com 50% de desconto em todos os livros de seu catálogo: #ALFAOMEGA50ANOS

Boa leitura!

Arquivo Alfa Omega #1- O início

Em comemoração aos 50 anos da Editora Alfa Omega, publicaremos alguns documentos que retratam a trajetória da empresa ao longo deste meio século percorrido.

Começamos com esta matéria sobre a criação da Editora Alfa Omega, de autoria do poeta, escritor e jornalista Álvaro de Faria, editor do suplemento Jornal de Domingo do Diário de São Paulo em 1973, ano em que a Editora inicia suas atividades.

Editora Alfa Omega 50 anos (1973-2023)

A Editora Alfa Omega em 2023 completa 50 anos publicando o pensamento crítico brasileiro, além de obras icônicas de consagrados autores internacionais.

Ao longo do ano serão divulgados aqui no site alguns documentos que retratam a trajetória da Editora Alfa Omega durante este meio século percorrido, além de novidades.

Para iniciar as comemorações, a Editora Alfa Omega oferece aos seus leitores e leitoras um cupom inédito com 60% de desconto em todos os livros de seu catálogo: #ALFAOMEGA50ANOS

Far far away, behind the word mountains, far from the countries Vokalia and Consonantia there live the blind texts.