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Banco – Um Inimigo do Povo

Banco – Um Inimigo do Povo

R$42,00

Nos tempos modernos observa-se um paradoxo no campo político-econômico. De um lado, e no aspecto geral, adquiriu-se uma consciência maior do conceito de democracia e, inegavelmente, atingiu-se um nível mais elevado de liberdades individuais. De outro lado, em conseqüência da concentração demasiada da riqueza nas mãos de uns poucos, há uma inquestionável subserviência, para não dizer submissão, do poder político ao poder econômico. Por conseguinte, muitas das decisões que têm influência na vida dos cidadãos são tomadas fora da esfera política, a qual apenas as corrobora e dá-lhes a cobertura formal. O povo vê o seu poder neutralizado e fica submetido às decisões de um poder que não instituiu. Uma verdadeira contradição com o aperfeiçoamento que a consciência democrática já alcançou.

Dentro da estrutura de poder real é evidente que o povo não tem representação no poder econômico. Sendo este predominante sobre os demais, embora seja informal, constitui-se numa forma de tirania que é, ao mesmo tempo, velada – pois dispensa as expressões visíveis do poder formal – e aperfeiçoada, porque se faz pagar pelo povo.

O elemento de contacto mais notório que o povo tem com o poder econômico é o Banco, uma instituição que permeia o espaço existente entre ambos. Entretanto, esse contato é predatório, incontornável e arrogante, numa sutil e profunda expressão de poder absoluto.

Nas relações com o Banco o cidadão foi levado a crer que está a tratar com um ente superior, onipotente, onisciente e onipresente. Um verdadeiro deus, para o qual o povo habituou-se a olhar de baixo para cima numa reação catalisada pela conivência dos poderes efetivamente constituídos. Os cidadãos habituaram-se a encarar o Banco como sendo uma presença inevitável nas suas vidas. Habituaram-se a conviver com ele com um sentimento misto de impotência e fatalismo, e não raramente também com o rancor mudo dos oprimidos.

Satisfeitos com a sua posição face ao povo, os Bancos seguem placidamente seu caminho, predatórios e insaciáveis. Caçam o lucro a qualquer preço. Patrocinam a exploração econômica e conduzem a especulação financeira aos seus limites máximos. Aumentam sempre que podem o seu próprio poder, não recuando sequer ante o canibalismo. Praticam todas as formas de negócios que caracterizam o capitalismo selvagem, inclusive aquelas que, para os indivíduos e empresas comuns, são catalogados como crime.

Donos de um oligopólio, titulares de benefícios exclusivos e livres dentro da economia de mercado selvagem que o governo, exorbitando os poderes que recebeu do povo, decidiu implantar no país, os Bancos agigantaram-se, eliminaram os pequenos concorrentes e tornaram-se míticos.

Desobrigados, livres de controles “de fato” e, ainda por cima, protegidos, os Bancos transformaram-se em verdadeiros inimigos da nação. Agem contra o povo como um exército bárbaro invasor. Cobram taxas sobre serviços que se assemelham à pilhagem; cobram juros que envergonhariam quaisquer agiotas de até algumas décadas atrás; imiscuem inexoravelmente na vida de todos, participando, como se fossem sócios, de todos os atos econômico-financeiros, desde o simples pagamento de uma conta de luz até o recebimento de uma herança. Em cada ato financeiro de cada cidadão ou empresa está embutida a parcela de lucro do Banco, mesmo que essa não seja cobrada como acréscimo visível.

E, no caso particular do Brasil, por exemplo, quando por excesso de abuso ou por razões que só uns poucos conhecem, um Banco entra em dificuldades financeiras, recebe ajuda governamental a juros subsidiados, exatamente aquela condição que os tecnocratas abominam e negam às atividades produtivas, embora sejam estas as que efetivamente movimentam a economia, geram empregos, coletam divisas e produzem os bens que aportam bem-estar à sociedade.

As explicações que cercam a concessão de ajuda e proteção excepcionais aos Bancos nunca são claras. Estão sempre envolvidos num manto de conhecimentos misteriosos que só uns poucos se atribuem o poder divino de desvendar. Nunca chegam a convencer sequer a uma minoria, limitando-se muito mais a confundir do que a explicar. O resultado é que o povo, inerme e impotente face ao governo e aos Bancos, paga pelos desmandos de uns e de outros.

Dentro do capitalismo selvagem, o comportamento dos Bancos é, aliás, lógico e esperável. O que não é lógico nem esperável é que conte com o beneplácito do governo que, contrariando o seu papel constitucional, alia-se aos Bancos contra a nação.

Há também, da parte do público, um desconhecimento geral do que significa de fato um Banco, como é constituído, qual é a sua real capacidade financeira própria, quais são os motivo sociais da sua existência e, na seqüência, quais são as responsabilidades que assume ao receber o privilégio de deter e manobrar os recursos financeiros da nação.

Poucos e dão conta de que um Banco é, em si, frágil. Poucos compreendem que o poder do Banco provém do próprio povo, pois a quase totalidade de seus recursos pertence aos cidadãos. Poucos sabem que a existência do Banco não tem a motivação exclusiva da geração de lucros para seus controladores e outros acionistas. Poucos supõem que os Bancos têm obrigações. Mas, é necessário ter consciência desses fatos para que possa haver uma resistência.

É ingênuo supor que os Bancos mudem de atitude espontaneamente. É difícil imaginar que os governantes se decidam a modificar o quadro vigente até porque tudo se passa conforme um grande plano político-econômico do qual os Bancos são apenas uma parte. Por conseguinte, uma mudança da situação, no seu aspecto geral, teria de ser política.

Entretanto, no particular, e mesmo desamparado pelas suas instituições, o povo pode defender-se quando a isso se decida. Basta, para tanto, que os cidadãos usem o saque de seus próprios recursos financeiros como arma. À semelhança do poder do voto no seu conjunto, o saque dos depósitos é eficaz e irresistível quando efetuado em massa. Nenhum Banco resiste a essa temibilíssima arma, e o eventual gigantismo de uma instituição bancária a torna, paradoxalmente, mais frágil a esse tipo de ação por causa do montante de seus custos fixos.

O inimigo é poderoso, mas não é invencível. O poder do povo é sempre superior, até mesmo contra os Bancos.

 

Entrevista com Ebenézer W. A. Nascimento

Título: Banco, Um Inimigo do Povo
Autor: Ebenézer W. A. Nascimento
Ano: 2003
Edição: 1ª
Páginas: 152
ISBN: 85-295-0071-7

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Descrição

Nos tempos modernos observa-se um paradoxo no campo político-econômico. De um lado, e no aspecto geral, adquiriu-se uma consciência maior do conceito de democracia e, inegavelmente, atingiu-se um nível mais elevado de liberdades individuais. De outro lado, em conseqüência da concentração demasiada da riqueza nas mãos de uns poucos, há uma inquestionável subserviência, para não dizer submissão, do poder político ao poder econômico. Por conseguinte, muitas das decisões que têm influência na vida dos cidadãos são tomadas fora da esfera política, a qual apenas as corrobora e dá-lhes a cobertura formal. O povo vê o seu poder neutralizado e fica submetido às decisões de um poder que não instituiu. Uma verdadeira contradição com o aperfeiçoamento que a consciência democrática já alcançou.

Dentro da estrutura de poder real é evidente que o povo não tem representação no poder econômico. Sendo este predominante sobre os demais, embora seja informal, constitui-se numa forma de tirania que é, ao mesmo tempo, velada – pois dispensa as expressões visíveis do poder formal – e aperfeiçoada, porque se faz pagar pelo povo.

O elemento de contacto mais notório que o povo tem com o poder econômico é o Banco, uma instituição que permeia o espaço existente entre ambos. Entretanto, esse contato é predatório, incontornável e arrogante, numa sutil e profunda expressão de poder absoluto.

Nas relações com o Banco o cidadão foi levado a crer que está a tratar com um ente superior, onipotente, onisciente e onipresente. Um verdadeiro deus, para o qual o povo habituou-se a olhar de baixo para cima numa reação catalisada pela conivência dos poderes efetivamente constituídos. Os cidadãos habituaram-se a encarar o Banco como sendo uma presença inevitável nas suas vidas. Habituaram-se a conviver com ele com um sentimento misto de impotência e fatalismo, e não raramente também com o rancor mudo dos oprimidos.

Satisfeitos com a sua posição face ao povo, os Bancos seguem placidamente seu caminho, predatórios e insaciáveis. Caçam o lucro a qualquer preço. Patrocinam a exploração econômica e conduzem a especulação financeira aos seus limites máximos. Aumentam sempre que podem o seu próprio poder, não recuando sequer ante o canibalismo. Praticam todas as formas de negócios que caracterizam o capitalismo selvagem, inclusive aquelas que, para os indivíduos e empresas comuns, são catalogados como crime.

Donos de um oligopólio, titulares de benefícios exclusivos e livres dentro da economia de mercado selvagem que o governo, exorbitando os poderes que recebeu do povo, decidiu implantar no país, os Bancos agigantaram-se, eliminaram os pequenos concorrentes e tornaram-se míticos.

Desobrigados, livres de controles “de fato” e, ainda por cima, protegidos, os Bancos transformaram-se em verdadeiros inimigos da nação. Agem contra o povo como um exército bárbaro invasor. Cobram taxas sobre serviços que se assemelham à pilhagem; cobram juros que envergonhariam quaisquer agiotas de até algumas décadas atrás; imiscuem inexoravelmente na vida de todos, participando, como se fossem sócios, de todos os atos econômico-financeiros, desde o simples pagamento de uma conta de luz até o recebimento de uma herança. Em cada ato financeiro de cada cidadão ou empresa está embutida a parcela de lucro do Banco, mesmo que essa não seja cobrada como acréscimo visível.

E, no caso particular do Brasil, por exemplo, quando por excesso de abuso ou por razões que só uns poucos conhecem, um Banco entra em dificuldades financeiras, recebe ajuda governamental a juros subsidiados, exatamente aquela condição que os tecnocratas abominam e negam às atividades produtivas, embora sejam estas as que efetivamente movimentam a economia, geram empregos, coletam divisas e produzem os bens que aportam bem-estar à sociedade.

As explicações que cercam a concessão de ajuda e proteção excepcionais aos Bancos nunca são claras. Estão sempre envolvidos num manto de conhecimentos misteriosos que só uns poucos se atribuem o poder divino de desvendar. Nunca chegam a convencer sequer a uma minoria, limitando-se muito mais a confundir do que a explicar. O resultado é que o povo, inerme e impotente face ao governo e aos Bancos, paga pelos desmandos de uns e de outros.

Dentro do capitalismo selvagem, o comportamento dos Bancos é, aliás, lógico e esperável. O que não é lógico nem esperável é que conte com o beneplácito do governo que, contrariando o seu papel constitucional, alia-se aos Bancos contra a nação.

Há também, da parte do público, um desconhecimento geral do que significa de fato um Banco, como é constituído, qual é a sua real capacidade financeira própria, quais são os motivo sociais da sua existência e, na seqüência, quais são as responsabilidades que assume ao receber o privilégio de deter e manobrar os recursos financeiros da nação.

Poucos e dão conta de que um Banco é, em si, frágil. Poucos compreendem que o poder do Banco provém do próprio povo, pois a quase totalidade de seus recursos pertence aos cidadãos. Poucos sabem que a existência do Banco não tem a motivação exclusiva da geração de lucros para seus controladores e outros acionistas. Poucos supõem que os Bancos têm obrigações. Mas, é necessário ter consciência desses fatos para que possa haver uma resistência.

É ingênuo supor que os Bancos mudem de atitude espontaneamente. É difícil imaginar que os governantes se decidam a modificar o quadro vigente até porque tudo se passa conforme um grande plano político-econômico do qual os Bancos são apenas uma parte. Por conseguinte, uma mudança da situação, no seu aspecto geral, teria de ser política.

Entretanto, no particular, e mesmo desamparado pelas suas instituições, o povo pode defender-se quando a isso se decida. Basta, para tanto, que os cidadãos usem o saque de seus próprios recursos financeiros como arma. À semelhança do poder do voto no seu conjunto, o saque dos depósitos é eficaz e irresistível quando efetuado em massa. Nenhum Banco resiste a essa temibilíssima arma, e o eventual gigantismo de uma instituição bancária a torna, paradoxalmente, mais frágil a esse tipo de ação por causa do montante de seus custos fixos.

O inimigo é poderoso, mas não é invencível. O poder do povo é sempre superior, até mesmo contra os Bancos.

 

Entrevista com Ebenézer W. A. Nascimento

Informação adicional

Peso 0,345 kg
Dimensões 21 × 14 cm

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Far far away, behind the word mountains, far from the countries Vokalia and Consonantia there live the blind texts.